26.5.07
A explosão demográfica e o humanitarismo
não louvar os esforços humanitários desenvolvidos por médicos, enfermeiros e outro pessoal das mais diversas organizações, que se têm esforçado por minorar o sofrimento das populações do Terceiro Mundo facultando-lhes medicamentos, dando-lhes acesso a antibióticos, promovendo gigantescas campanhas de vacinação, tentando mesmo irradicar certas doenças e chegando mesmo a irradicá-las, como aconteceu com a terrível varíola? Frente a populações esquecidas pelo mundo, esses heróis lutam com meios extremamente escassos para fazerem face às mais diversas doenças epidémicas, algumas das quais, como a malária, continuam a matar em larga escala (2 milhões de vítimas
mortais da malária por ano). Haverá outra forma de tratar o tema senão através da idolatração de tais pessoas?
esses milhares de pessoas que "salvaram"? Para que vida salvaram essas pessoas? Nunca houve massas tão vastas de famélicos como na nossa humanitária época. Cada pessoa salva de doenças que eram mortais no passado, reproduzir-se-á e engrossará a massa de famintos. Em vez de morrer de uma doença que a faria sofrer durante alguns dias, semanas ou meses, poder-se-á arrastar com sede, fome e sofrimento, durante décadas. As vacinas e os antibióticos poderão ter chegado a tais remotas paragens, mas não a comida, com excepção de campanhas pontuais, e não as condições produtivas para superarem a miséria. As situações são diversas e em muitos locais as condições de vida são suficientemente aceitáveis para que as campanhas humanitárias
sejam incondicionalmente boas. Não deixa de ser interessante que até essas condições aceitáveis sejam inferiores àquelas que, no mundo desenvolvido, se consideram inaceitáveis para a vida e justificativas, nas campanhas políticas, para a execução do aborto. Mas vastas regiões do mundo, como, por exemplo, a maior parte do Sahel, defrontam-se com condições, para uma população sempre crescente, inferiores a qualquer limiar mínimo aceitável. E, nesses casos, essas pessoas e a sua imensa prole que acompanha sempre, em qualquer lado, a miséria, foram "salvas"?
das potências políticas e económicas que esbanjam recursos inimagináveis e só olham para essas regiões se a cobiça por matérias primas lá encontrar um alvo de exploração, que chegam a provocar instabilidade, conflitos e guerras apenas para terem um acesso mais fácil e barato à espoliação de tais recursos. Claro que têm a consciência de estar a lutar contra a maré e que a sua acção pouco pode melhorar as condições de vida daquelas pessoas. A questão, porém, é se não piorará em vez de melhorar. Criando condições para o aumento populacional, a acção médica, sem a evolução económica das zonas desenvolvidas, salva pessoas para uma cada vez maior pressão sobre os recursos disponíveis, levando a que se intensifique e se estenda a actividade agrícola a zonas reservadas tradicionalmente à pastorícia, à floresta ou a pântanos, provocando, imediatamente, desastres ecológicos e, com o tempo, a erosão dos solos e uma cada vez maior desertificação. Muitas vezes, a única solução é partir para cidades que não têm condições para os receber e onde se criam cidades de lata gigantescas, nas quais os famélicos procuram encontrar migalhas que caiam da mesa dos ricos que os possam sustentar um pouco mais de tempo. Mesmo nos países mais
miseráveis, há sempre quem se banqueteie à beira das condições humanas mais deploráveis. De facto, algumas das maiores fortunas convivem com a miséria inominável da esmagadora maioria.
esforço médico é infinitamente mais meritório que o dos médicos que só agem a peso de ouro em confortáveis consultórios acolchoados. Mas esta actuação tem as características de toda actuação tecnológica. Nunca parece haver consciência de que a mudança ou transformação de um grão de areia, passe o exagero, poderá ter impacto no conjunto do mundo. Com certeza que as organizações humanitárias poderão dizer que fizeram a sua parte e que cabe a outro tipo de organizações fazer o resto. Mas a questão está no facto de ser ou não benéfico fazer esta parte sem que as outras sejam feitas.
tudo para virem bater à porta dos reinos do desperdício, a Europa e a América do Norte, e aí ganhamos consciência deles como um incómodo. Não temos sequer consciência que esse "incómodo" corresponde à esmagadora maioria do mundo. Sempre fiquei deprimido com o facto de os meus alunos pensarem que pertencem a um povo desfavorecido no mundo e de não terem nenhuma consciência que, mesmo os mais desfavorecidos entre eles, pertencem aos 15% da população mundial mais privilegiada. E esta cegueira é a primeira condição cultural para que todos os restantes erros de cálculo sejam feitos. O mundo está à beira do abismo e muita gente julga que está contribuir para a salvação do mundo com chazinhos de caridade.
ou recuo na explosão demográfica. O que seria importante é que se começasse a pensar melhor e que se ponderasse, sempre, o conjunto das situações, em vez de entregar o tratamento dos constantes cenários catastróficos a tão arrebatados como inconsequentes (quando não nefastos) gestos de entrega do coração. O que seria importante é que se deixasse de pensar parcialmente, unilateralmente, fragmentariamente, e cada acto se integrasse num todo. É isso que se vai passar? A julgar pelas sucessivas declarações da ONU, o fim da fome no mundo está sempre a um passo, mas, passados uns anos, estamos sempre mais distantes do que estávamos. Não me parece crível que vá ocorrer uma
reforma na humanidade de tal ordem que, por todo o lado, em uníssono, se comece a pensar decentemente. Julgo que, infelizmente, o melhor que se pode esperar é que tudo continue, mais ou menos, na mesma, nuns lados melhor, noutros pior. E temo, sinceramente, que tudo esteja a progredir para a desgraça inexorável, até porque o que o passado nos mostra das tentativas de "civilizar" o mundo é que parece sempre querer dar-se razão a um outro ditado popular: "pior a emenda que o soneto." Posted by quim at 10:13 11 comments
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25.5.07
As matanças mundiais
Mais de cem milhões de homens morreram nas duas guerras mundiais e na guerra civil russa (que foi uma extensão da grande guerra) e muitos outros milhões em outras guerras ligadas à 2ª grande guerra. Uma matança de tal ordem não se faz sem tecnologia e sem uma mentalidade tecnológica.
primas brutas que é necessário transformar para dar origem à matéria esmerada, à realidade considerada ideal. Uma mentalidade que concebe a realidade como algo que se usa e abusa para atingir os objectivos considerados superiores.
O pretender alcançar objectivos superiores, o que a realidade deveria ser, é antigo e não é imputável à mentalidade tecnológica. Mas a esse desiderato, juntou-se contemporaneamente um cálculo frio e rigoroso que entrega o mundo inteiro à usura e que não o considera verdadeiramente como mundo, mas sim como matéria transformável, como um mero fundo a partir do qual, num atelier, se pode desenhar o que se quiser e transformar, inteirinho, num estaleiro de obras.
extermínio, como na engenharia da conquista, como na engenharia genética, como em qualquer outra área, mesmo a ecológica. E quando o mundo for acabado pela regra e pelo esquadro, seja a régua e o esquadro dos nazis, seja a da União Europeia, da China ou da União Soviética, seja a das multinacionais norte-americanas ou japonesas, seja que régua e esquadro for, ainda teremos um mundo onde valha a pena viver? Infelizmente, cada régua e esquadro concorre com as outras e não parece que possamos chegar ao fim desta concorrência -
mas se pudéssemos ultrapassar esta situação de constante conflito, um mundo tecnológico todo orientado na mesma direcção, seria desejável? Ou seria um despotismo inominável onde a própria realidade humana desapareceria, considerada um fundo a transformar, uma matéria bruta de que se poderia pôr e dispor em prol de objectivos mais altos, mais um objecto de usura entre tantos outros, um conjunto de produtos que se possa transaccionar de acordo com o valor da transformação? Talvez esse admirável mundo novo não esteja tão distante quanto se possa supor...Posted by quim at 23:49 3 comments
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24.5.07
Holocausto
Crianças vítimas de experiências "científicas".
que teve, sem a tecnologia e, sobretudo, sem uma mentalidade tecnológica? Seriam possíveis as guerras mundiais, as purgas soviéticas, os múltiplos genocídios, sem tecnologia e sem mentalidade tecnológica? No fundo,
não são só as grandes barragens ou canais (também com um triste registo de uma mortandade sem fim - vejam o canal do Panamá ou os canais soviéticos), não são só os arranha-céus
e as grandes vias de comunicação, não são só as nossas cidades iluminadas de noite como se fora dia, que são grandes realizações da tecnologia. O holocausto ou a 2ª guerra mundial também são grandes realizações da tecnologia. Como diria o vendedor de J. K. Rowling a propósito de Voldemort: "grandes mas terríveis".Posted by quim at 23:56 1 comments
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A doença de Minamata
Posted by quim at 22:50 5 comments
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A nuvem negra de Mordor?
Infelizmente, não havia sido a primeira vez e, provavelmente, não será a última. Em 2006, os incêndios provocados no Borneo para desbastar terras para a agricultura à custa da selva tropical, criaram uma gigantesca nuvem de fumo que tornou o ar dificilmente respirável em todo o sueste asiático, transformando o dia numa noite poeirenta e afectando a região durante mais de um mês. A segunda foto refere-se à cidade de Kuala Lumpur, bem distante dos incêndios no Borneo.
Posted by quim at 22:36 0 comments
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Exxon Valdez
Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez derramou cerca de 11 milhões de galões de crude, segundo as menores estimativas, junto à costa do Alasca, atingindo mais de 2000 Km de costa e afectando uma área muito maior. Centenas de milhares de aves e biliões de animais marinhos morreram e os ecossistemas continuam, ainda hoje, destruídos ou afectados.
Posted by quim at 22:10 2 comments
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O desastre de Bhopal
Em 1984, numa fábrica da multinacional americana Union Carbide situada em Bhopal, na Índia, a libertação de um gás venenoso de um contentor de armazenamento devido à destruição de uma válvula sob pressão excessiva, provocou a morte quase imediata de milhares de pessoas e continuou a matar, a pouco e pouco, outras milhares ao longo do tempo, sendo, ainda hoje, a causa de inúmeras enfermidades que encontram tão pouco acompanhamento médico, como se encontram números exactos relativos à catástrofe. Só 20 anos depois as vítimas sobreviventes começaram a receber indemnizações, num acordo muito criticado entre a Dow Chemichal (que adquiriu a Union Carbide) e o governo indiano, tendo este último acordado o encerramento definitivo de toda a disputa. As pessoas, porém, continuam a sofrer. Posted by quim at 20:45 4 comments
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Lago Chad
Posted by quim at 20:29 0 comments
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Resposta ao concurso "Quem é este bacano?"
Posted by quim at 20:18 2 comments
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22.5.07
A situação no Mar de Aral
Para verem que as catastrofes ecológicas não se resumem a Chernobyl, eis aqui um outro exemplo. Para irrigar e transformar em terras agrícolas vastas áreas das estepes da Ásia Central, sobretudo destinadas à produção de algodão,
as águas do Amu Darya e do Syr Darya que alimentavam o mar de Aral, foram sistematicamente desviadas para os canais de irrigação, provocando, a pouco e pouco, a redução das dimensões do mar, estando, hoje, reduzido a um
população remanescente. Pior ainda, verificou-se que boa parte do desvio das águas (em algumas estimativas, a maior parte) é destinado ao desperdício por falta de
impermeabilidade dos canais e por evaporação (repare-se que se tratam de terras, originalmente, desérticas ou semi-desérticas). O antigo mar dividiu-se nos anos 90 em dois lagos menores e ameaçava dividir-se em três em 2003.
Recentes medidas do governo casaque têm vindo a melhorar a situação na secção norte do Mar de Aral.Legenda das fotos: Redução progressiva do Mar (1964; 1985; 2003). Navio abandonado. Antigo porto de Aral. Antigo mapa do Aral e da sua bacia hidrográfica.
Posted by quim at 12:08 2 comments
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20.5.07
A Astrologia - trecho 4
Posted by quim at 23:49 1 comments
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Futebol da Filosofia
Posted by quim at 23:17 8 comments
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O racismo latente na linguagem
Posted by quim at 16:17 1 comments
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19.5.07
Página riskici
Posted by quim at 15:15 0 comments
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5º Teste
Caracterização do conhecimento vulgar (51-58); Senso comum e ciência (70-77); também para esta comparação contribui a caracterização geral da ciência (60-61); Objectividade (62-64 e 86-90); Positividade (64-65); Racionalidade (65-66 e 86-89); Revisibilidade e Autonomia (66-67); O método experimental (78-81); Verificacionismo/positivismo (82-83, 119-120 e apontamento); Crítica de Popper ao positivismo (apontamento); Teoria da falsificabilidade (83-84 e apontamento); Demarcação das pseudo-ciências (apontamento).
Muitos dos textos de apoio entre as páginas 92 e 100 são fundamentais para todos estes temas.
Para os temas dos riscos da ciência, deve ser lido o conjunto do capítulo (108-146). Aí, podem-se encontrar razões para os problemas mais específicos que irão tratar. Entre os problemas específicos, serão abordados: Problemas ecológicos (125-128); Problemas da globalização (129-131); Problemas da bioética (132-134 e 178-180); De uma ética antropocêntrica a uma ética cosmocêntrica (143-150). Além destes, serão ainda abordadas as concepções de verdade (156-164).
Essas concepções são abordadas em geral nas páginas 158-159, sendo depois tratadas especificações de cada uma delas. Como disse na outra entrada, os temas serão apresentados de forma mais inteligível para aqueles que nem sabem o que é um livro: em vez de aletheia surgirá "Verdade e manifestação"; em vez de veritas surgirá "Verdade e testemunho"; e em vez de emunah surgirá "Verdade e compromisso".
Assim, sempre pode ser que inventem qualquer coisa que tenha que ver com o tema. Quanto à verdade como perspectiva, deixo ao critério dos alunos a possibilidade de se referirem a ela, tendo em conta que se trata de uma concepção muito popular entre os jovens. Saliento, porém, o que já salientei nas aulas: o facto de se admitir o carácter perspectívico da verdade não anula nem a experiência do erro, nem o exercício da mentira.
Uma última nota: foi abordada nas aulas a concepção de T.S. Kuhn. Não a peço, especificamente, no teste, até porque ninguém irá fazer, agora, o exame. Porém, se, no próximo ano, for ressuscitado o exame de filosofia e alguém o fizer, visto o autor não estar tratado no manual, convirá virem ter comigo para arranjar material adicional. (O mesmo se diga para aquela definição de conhecimento tratada com base num outro manual e relativa à matéria do 2º período.)
Deixem aqui as vossas dúvidas para o teste, que o mestre Narciso vai-nos tirá-las certamente :o
Posted by Niza' at 11:34 2 comments
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17.5.07
Verdade como compromisso e a nossa "política"
Durão Barroso prometeu baixar os impostos e, assim que foi empossado, aumentou-os. José Sócrates garantiu não os aumentar e, ainda mais rapidamente, aumentou-os brutalmente. Os mais velhos lembrar-se-ão do célebre "read my lips" de George Bush pai. Mas o mais interessante nos dois anteriores é que justificaram as quebras das promessas com o facto de terem encontrado uma situação desconhecida, quando boa parte da crítica aos anteriores governos incidia sobre essa situação só depois tornada desconhecida. Perderam os nossos governantes completamente a vergonha ou nunca a tiveram? Que sociedade é possível se nenhum
compromisso é fiável? Como se pode exigir aos jovens que cumpram compromissos, com os exemplos dados pelos nossos políticos? Será que a existência de um sistema multi-partidário é incompatível com a verdade?
Posted by quim at 20:39 4 comments
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Crash
Posted by quim at 18:23 4 comments
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16.5.07
Humanidade: sapiens ou praga?
Mais um texto de enorme interesse de um colega meu lá da escola que se encaixa no âmbito da reflexão pedida nos trabalhos acerca dos riscos da ciência.
http://cosmocronos.blogspot.com/2007/05/humanos-conceito-e-realidade.html
Posted by quim at 20:05 0 comments
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Os limites da Ciência
Posted by quim at 15:35 106 comments
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15.5.07
A Astrologia - trecho 3
"Um bom exemplo de como tudo isto pode ser complicado é-nos dado por Kepler, cujas teorias eram uma curiosa mistura de ciência e astrologia. Diferentemente de Newton, que só muito relutantemente é que aceitava ideias astrológicas, Kepler pertencia à tradição astrológica. Como Copérnico, Kepler pertencia à tradição platónico-pitagórica, acreditando em «influências» astrais, sobretudo a do Sol sobre os planetas. Não obstante, Kepler era um astrónomo altamente sofisticado e crítico: nunca se cansava de submeter as suas hipóteses a testes engenhosos e altamente criativos, examinando as suas consequências à luz das melhores provas astronómicas à disposição. A sua atitude maravilhosamente crítica («Que tolo que eu fui», escreveu ele) fez com que lhe fosse possível dar os grandes contributos que deu à ciência - apesar do carácter fantástico de algumas das suas belas hipóteses."
Posted by quim at 17:30 5 comments
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Blog dos desportistas
Já que pouco têm colaborado neste, encham o vosso próprio blog: http://turma-tec-desporto.blogspot.com/
Posted by quim at 17:10 4 comments
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13.5.07
O que é a verdade?
"Jesus: Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
Pilatos: O que é a verdade?" (João, 18, 37-38)
Faço minha, para vós, a pergunta de Pilatos.
Posted by quim at 19:21 24 comments
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Allgarve police
Viram aquele inspector da judiciária a falar em "anglês": "A police personne will give a pitcher of the pijama". Eu chamei, logo, a minha filha para lhe mostrar que, se alguma vez fizesse aquela figura, eu deixava de a reconhecer como filha.
Posted by quim at 14:56 9 comments
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11.5.07
Cartoon sobre o poder e os riscos da ciência
Para aqueles que julgam estar imunes aos riscos da ciência, um cartoon editado num blog de uma colega minha:
http://cafedosfilosofos.blogspot.com/2007/05/tema-filosfico-o-poder-e-os-riscos-da.html
Posted by quim at 20:31 4 comments
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Outro texto para reflexão
Também proveniente de um blog de uma colega minha (outra): http://filoblog-alzira.blogspot.com/2007/05/tecnologia-altera-tudo-era-esse-o.html
Posted by quim at 20:05 0 comments
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Para os alunos de Psicologia
Posted by quim at 18:29 0 comments
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Texto de reflexão sobre o homem
Trata-se de um texto de uma colega minha lá da escola que me pareceu bastante inspirador, sobretudo no domínio dos problemas ecológicos: http://totemetabu.blogspot.com/2007/05/o-elo-quebrado.html
Posted by quim at 18:11 1 comments
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Sign in
Porque não se tornam membros do blog? É assim tão difícil criar um nick e meter uma palavra-chave, seus info-excluídos?
Já agora, os membros se quiserem podem pôr uma fotografia. Se não souberem como, mandem a fotografia para mim que eu meto-a.
Posted by quim at 00:02 0 comments
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9.5.07
Link para o forum
Para aqueles que não tinham e-mail ou não o deram, e não foram convidados para o forum, acedendo apenas ao blog, fica aqui o forum
http://groups.google.com/group/riskici/topics
Posted by quim at 22:38 0 comments
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"Postar" à vontade
Julgo ter descoberto porque não podiam "postar" directamente. Precisavam do estatuto de administrador. Agora que o têm, se me lixam o blog, chumbo-vos a todos. Façam o favor de não alterar a configuração.
Posted by quim at 22:31 81 comments
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8.5.07
Mail para blog
Podem escrever para o blog enviando e-mail para
quimnar.riskici@blogger.com
Posted by quim at 12:11 3 comments
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Chernobyl de novo
O trabalho pode também ter suporte multimédia, sendo exposto num dos computadores da biblioteca.
http://www.youtube.com/watch?v=eAEfJ5K51LU
Posted by quim at 08:58 7 comments
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7.5.07
A astrologia - trecho 2 da textonovela
Posted by quim at 14:36 0 comments
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6.5.07
O homem e a natureza
Posted by quim at 22:41 3 comments
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O marxismo
"Será o marxismo (ou o materialismo dialéctivo, ou o socialismo científico) uma ciência?"
Trecho 1
"Em 1919, comecei a suspeitar das várias teorias psicológicas e políticas que reivindicavam o estatuto de ciências empíricas, em especial a «psicanálise» de Freud, a «psicologia individual» de Adler, e «interpretação materialista da história» de Marx. A mim parecia-me que todas estas teorias eram defendidas de uma forma acrítica. Dispunha-se de um grande número de argumentos a favor delas. Mas a crítica e os argumentos contrários a elas eram vistos como hostis, como sintomas de uma recusa obstinada em admitir a verdade manifesta; e, por isso, eram enfrentados com hostilidade e não com argumentos."
Posted by quim at 14:58 0 comments
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A astrologia
"Será que a astrologia é uma ciência?"
Trecho 1
"Como exemplo clássico de uma pseudociência, podemos considerar a astrologia. Pode-se fazer recuar a história desta, juntamente com a da astronomia, à crença religiosa de que os planetas são deuses (como até Platão afirmou). Esta crença politeísta foi abandonada quer na astrologia, quer na astronomia, de maneira que ambas as ciências acabaram por concordar na ideia de que os planetas eram simplesmente designados a partir dos nomes dos deuses. Mas a astrologia, enquanto abandonava o politeísmo, continuou não só a associar um significado mágico aos velhos nomes divinos, como também a atribuir aos planetas poderes tipicamente divinos, que ela tratava como sendo «influências» calculáveis. Não é de espantar que tenha sido rejeitada pelos aristotélicos e por outros racionalistas. Mas rejeitaram-na, porém, em parte, por razões erradas, e levaram essa rejeição demasiado longe."
Nota - O termo "racionalista" não tem aqui o mesmo significado que teve nas aulas do 2º período. Surge aqui apenas em oposição ao cultivo da imaginação em detrimento da razão.
Posted by quim at 14:55 0 comments
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Chernobyl
Se julgam pouco relevante o tema "Os riscos da ciência e da tecnologia", imaginem que acontecia numa das centrais nucleares junto à nossa fronteira o que aconteceu em Chernobyl e que este era o vosso filho nascido já após o desastre. Reparem que, embora o desastre fosse na Ucrânia, o país mais largamente atingido a longo prazo foi a Bielorrúsia (tal como poderia ser Portugal em relação à Espanha - já houve, aliás, incidentes menores em Espanha). Não sei onde meti um conjunto de fotografias que há alguns anos recolhi e onde se mostravam horríveis deformações em crianças nascidas após o desastre - talvez um pouco mais de horror que um criança extremamente doente com leucemia ou com doenças hepáticas, ajudasse, pelo medo, a criar um pouco mais de consciência. De qualquer forma, se isso não fosse suficiente para despertar consciências, não sei o que poderia ser... 
Posted by quim at 14:07 4 comments
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O positivismo e a teoria da falsificabilidade
O positivismo ou filosofia positiva (por contraposição a metafísica) foi fundado por Auguste Comte (1798-1857), sobretudo a partir do início dos Cursos de filosofia positiva (1830). No fundamental, o que caracteriza todo o positivismo é a exigência da redução do conhecimento aos factos e às leis (ou factos gerais) que deles se inferem. O sistema de Comte funda-se numa filosofia da história que supõe que toda a história humana evoluiu de um estádio religioso para um metafísico, evoluindo, progressivamente, na modernidade, para o estádio final positivo. A partir desta fundamentação, pretende Comte fundamentar e classificar as próprias ciências (e também limitá-las e orientá-las). Finalmente, funda uma sociologia que conclui o edifício das ciências (reduzidas a cinco: astronomia, física, química, biologia e sociologia) e também a evolução definitiva para o estádio positivo, relegando a metafísica para o passado. Além disso, a fundação da sociologia permitia a reforma prática, dando origem ao Estado positivo, e a reforma religiosa, dando origem à religião da Humanidade. Muitos dos positivistas posteriores rejeitaram este último aspecto da filosofia de Comte.
Do ponto de vista epistemológico, são especialmente óbvios dois aspectos: a recusa de toda a hipótese não originada na observação, e a pretensão de descobrir as leis da própria realidade a partir da experimentação. Tal pretensão funda-se numa concepção rigorosamente determinista dos fenómenos naturais. A reiteração de um resultado experimental serve de legitimação definitiva de uma lei (estabelecimento das leis por indução). É, aliás, a lei que mais importa a Comte, permitindo mesmo que não mais sejam feitas observações no âmbito a que a lei se refere. De facto, Comte parece temer que elas sejam feitas: “as leis naturais, verdadeiro objecto das nossas investigações, não poderiam permanecer rigorosamente compatíveis, em nenhum caso, com uma investigação demasiado minuciosa”; pelo que reduz a exactidão requerida às nossas necessidades práticas. É o que se poderia chamar uma certeza à força.
O positivismo lógico ou empirismo lógico (círculo de Viena, sobretudo nos anos 20 – Carnap, Neurath, Hahn) é, em muitos aspectos, completamente diferente do positivismo de Comte – porém, os traços fundamentais da epistemologia positivista do sec. XIX mantêm-se: recusa de toda a metafísica ou especulação; redução aos enunciados de observações; comprovação das hipóteses pela experimentação. Porém, seguindo assumidamente David Hume, o positivismo lógico admite que as leis sejam apenas prováveis – o que não impede que sejam consideradas comprovadas ou verificadas, pois tal probabilidade é suficiente para o trabalho científico (o que é, afinal, uma nova versão do dogmatismo comtiano antes ilustrado).
Crítica popperiana ao positivismo
Três aspectos se destacam na crítica de Karl Popper (1902-1994) ao positivismo.
Primeiro, Popper sublinha a irrelevância da questão da origem da hipótese para a ciência. Para que uma hipótese seja considerada como científica, deve-se sujeitar à experimentação. Mesmo que uma hipótese tenha uma origem considerada pouco respeitável, por exemplo, a teoria das marés de origem astrológica, não deve, por isso, ser rejeitada pela ciência. Tal rejeição sem experimentação só pode ser prejudicial à própria ciência, nem lhe permitindo encontrar eventuais respostas correctas, nem lhe permitindo evoluir pela demonstração do erro. Para além de promover a mentira, a exigência positivista não só é preconceituosa, como limita a imaginação e a criatividade dos cientistas, impedindo-os de descobrir novas respostas.
Segundo, Popper mostra que a pretensão positivista de verificar a hipótese através do teste é ilógica. O teste experimental não pode comprovar um enunciado universal. A única coisa que pode comprovar é a refutação do enunciado universal. Trata-se de uma mera aplicação da lei das subalternas do quadrado aristotélico da oposição: da verdade de uma particular nada se pode concluir quanto à universal; mas da falsidade da particular, pode-se concluir a falsidade da universal.
Terceiro, Popper defende que o confirmacionismo positivista é dogmático. Se se procura apenas aquilo que comprova a teoria, tende-se a não procurar o que a pode refutar: age-se como advogado de defesa da sua hipótese. Além disso, não se fornece com tal confirmacionismo, ao contrário do pretendido pelo positivismo, um verdadeiro critério de demarcação entre a ciência e a pseudo-ciência. Qualquer pseudo-ciência é capaz de reunir comprovações empíricas das suas previsões. De facto, qualquer teoria de senso comum consegue fazer isso. O que provavelmente não conseguem, em muitos casos, é dizer claramente em que casos seriam as suas teorias refutadas.
Dos dois últimos aspectos resulta que não faz sentido para Popper falar de provas ou de leis na ciência empírica. Tal vocabulário advém dos dogmatismos positivistas e congéneres. Pode-se considerar uma hipótese atestada, visto ter passado por verdadeiros testes, nunca como comprovada, visto mesmo inúmeros testes particulares nunca poderem comprovar uma hipótese universal.
O critério popperiano de demarcação – A teoria da falsificabilidade
Segundo Popper, uma teoria, para que se possa considerar uma teoria da ciência empírica, deverá ser capaz de enunciar os casos em que, se fossem verificados, seria refutada. Se o objectivo da ciência é a busca da verdade, deverá, em vez de impor (como se fosse uma religião) aquilo que diz como verdade definitiva, testar rigorosamente as suas teorias em busca de falhas, tentando aproximar-se cada vez mais da correspondência exacta à realidade, nunca, porém, se podendo ter a certeza de a ter atingido.
Exemplificando o modelo proposto por Popper, para que a proposição “Todos os cisnes são brancos” possa ser aceite na ciência empírica, deve ser capaz de formular os enunciados básicos potencialmente falsificadores, ou seja, os possíveis factos que, caso se verificassem, refutariam a proposição, enunciados semelhantes a esta forma: “Foi visto um cisne da cor x (laranja, azul, verde, rosa, preto, etc.) no lugar y e no tempo z.” Caso se verifique um só caso bem atestado que corresponda à forma acima exposta, a proposição é refutada. Por exemplo, eu tive a oportunidade de ver várias vezes, há uns anos, dois cisnes pretos no centro do Barreiro. Logo, a proposição está refutada. Se fizermos uma nova proposição, “Todos os cisnes são brancos ou pretos”, ela deve-se sujeitar, de novo, à falsificabilidade, mantendo-se sempre provisoriamente aceite enquanto não se registe nenhum caso falsificador. Mesmo que víssemos todos os cisnes do mundo, nunca se poderia considerar a proposição confirmada, pois no futuro poderia sempre surgir um cisne de outra cor.
Exemplo de teoria pseudo-científica ou ideológica
Popper entende por ideologia uma crença dogmática que rejeita, à partida, qualquer possibilidade de refutação empírica. Se tal ideologia pretende ser uma ciência empírica, trata-se de uma pseudo-ciência. Em contraposição ao exemplo do cumprimento do critério de falsificabilidade (a não ser que se defenda que os cisnes são brancos por definição), pode-se dar o seguinte exemplo adaptado de Popper. Tomemos a seguinte proposição, mais ou menos afirmada em muitas correntes das ciências sociais e humanas, assim como da filosofia especulativa (onde pode ser afirmada à vontade porque a metafísica não pretende ser empírica): “Todos os actos humanos são egoístas”.
Quem afirme tal proposição, afirma-a, com certeza, com a consciência de que há pessoas que dedicam a sua vida a ajudar os outros. O que está implícito em tal proposição é que qualquer acto altruísta é feito por uma intenção egoísta (ir para o paraíso, auto-satisfação, fama, etc.). Porém, é fácil ver que se poderia dizer o mesmo de qualquer acto imaginável por mais incrível que fosse – o que quer dizer que, com tal argumentação, não existe à partida qualquer possibilidade de refutação empírica da proposição. Não existe verdadeira possibilidade de testar a proposição, pelo que a proposição não se pode considerar científica empírica. A mesma linha argumentativa segue Popper para rejeitar, por exemplo, a psicanálise como ciência empírica. A mesma crítica é dirigida ao marxismo, embora com uma argumentação diferente, assente mais na sua tendência confirmacionista.
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