Área de Integração - Complemento à unidade relativa à ética
Juízos de facto e juízos de valor
Esta distinção surgiu no início do séc. XX, no âmbito da sociologia positivista, para afastar da ciência toda a consideração dos juízos de valor. A distinção continuou, no entanto, a ser usada muito depois das pretensões positivistas se terem tornado obsoletas e independentemente das mesmas.
Um juízo de facto é um juízo que caracteriza ou descreve um objecto ou que relata uma ocorrência. É um juízo objectivo, no sentido de pretender transmitir o que é o objecto em causa. É um juízo verificável, visto ser, em princípio, possível compará-lo com a realidade, verificando se é verdadeiro ou falso.
“Esta mesa é verde” – é um juízo de facto mesmo que a mesa seja amarela, visto estar apenas a caracterizar a mesa, sendo susceptível de ser verificado pela experiência. “Nesta jogada, houve um fora de jogo não assinalado” – é um juízo de facto porque relata uma ocorrência. Repare-se que, neste último caso, embora seja verificável, isso não acaba necessariamente com as discussões interpretativas porque basta uma diferente disposição das câmaras de filmar para já se considerar de uma forma diferente o lance. Não se confunda, pois, verificável com certo, embora exista aqui, certamente, um maior grau de certeza possível que nos juízos de valor.
Um juízo de valor é um juízo apreciativo que diz mais acerca de como o sujeito é afectado pelo objecto, do que sobre o próprio objecto. Daí que seja considerado um juízo subjectivo, opinativo, de natureza afectiva e emocional, sem possibilidade de qualquer verificação.
“A Anabela é bela” – é um juízo de valor visto a beleza não ser nenhuma característica do objecto, nem adiantar nada para o conhecimento do objecto. O juízo expressa o gosto de quem profere o juízo, a forma como ele é afectado pelo objecto, e não o próprio objecto. Um outro pode considerar a Anabela feia e não há forma de verificar qual tem razão, pois a beleza ou a fealdade não são características do objecto como seriam “loura”, “alta”, “gorda” ou “rapariga”. Repare-se, porém, que um juízo de valor não tem que enunciar um valor de forma explícita: “o Jaime é pior que cuspir na sopa” – é também um juízo de valor pois, igualmente, não nos está a transmitir qualquer característica do Jaime, muito embora não nomeie nenhum valor. Veja-se, no entanto, que o sujeito que profere o juízo deverá ter um valor em mente, como, por exemplo, a maldade, que está na base da apreciação que faz. Sempre que um juízo seja apreciativo ou depreciativo, utilize os termos que utilizar, mesmo que não expressem directamente valores, é um juízo de valor.
Esta distinção surgiu no início do séc. XX, no âmbito da sociologia positivista, para afastar da ciência toda a consideração dos juízos de valor. A distinção continuou, no entanto, a ser usada muito depois das pretensões positivistas se terem tornado obsoletas e independentemente das mesmas.
Um juízo de facto é um juízo que caracteriza ou descreve um objecto ou que relata uma ocorrência. É um juízo objectivo, no sentido de pretender transmitir o que é o objecto em causa. É um juízo verificável, visto ser, em princípio, possível compará-lo com a realidade, verificando se é verdadeiro ou falso.
“Esta mesa é verde” – é um juízo de facto mesmo que a mesa seja amarela, visto estar apenas a caracterizar a mesa, sendo susceptível de ser verificado pela experiência. “Nesta jogada, houve um fora de jogo não assinalado” – é um juízo de facto porque relata uma ocorrência. Repare-se que, neste último caso, embora seja verificável, isso não acaba necessariamente com as discussões interpretativas porque basta uma diferente disposição das câmaras de filmar para já se considerar de uma forma diferente o lance. Não se confunda, pois, verificável com certo, embora exista aqui, certamente, um maior grau de certeza possível que nos juízos de valor.
Um juízo de valor é um juízo apreciativo que diz mais acerca de como o sujeito é afectado pelo objecto, do que sobre o próprio objecto. Daí que seja considerado um juízo subjectivo, opinativo, de natureza afectiva e emocional, sem possibilidade de qualquer verificação.
“A Anabela é bela” – é um juízo de valor visto a beleza não ser nenhuma característica do objecto, nem adiantar nada para o conhecimento do objecto. O juízo expressa o gosto de quem profere o juízo, a forma como ele é afectado pelo objecto, e não o próprio objecto. Um outro pode considerar a Anabela feia e não há forma de verificar qual tem razão, pois a beleza ou a fealdade não são características do objecto como seriam “loura”, “alta”, “gorda” ou “rapariga”. Repare-se, porém, que um juízo de valor não tem que enunciar um valor de forma explícita: “o Jaime é pior que cuspir na sopa” – é também um juízo de valor pois, igualmente, não nos está a transmitir qualquer característica do Jaime, muito embora não nomeie nenhum valor. Veja-se, no entanto, que o sujeito que profere o juízo deverá ter um valor em mente, como, por exemplo, a maldade, que está na base da apreciação que faz. Sempre que um juízo seja apreciativo ou depreciativo, utilize os termos que utilizar, mesmo que não expressem directamente valores, é um juízo de valor.
Os valores
Os valores que nos importam na medida em que são susceptíveis de orientar a conduta humana, são aqueles que possuem um significado ideal. Os valores matemáticos, financeiros, comerciais, ou ainda as coisas a que atribuímos valor afectivo, nada têm a ver com o sentido da palavra “valor” que aqui nos interessa. Os valores são ideais no sentido em que expressam aquilo que se julga que “deveria ser” ou que se “deveria fazer” ou que se ”deveria atingir”, embora como um horizonte abstracto que nunca se pode considerar plenamente realizado. Não se deve confundir ideais com metas concretas. A riqueza é um ideal, possuir a Microsoft é uma meta concreta que até pode contribuir para realizar o ideal, mas que não o esgota. Quem se orienta pelo valor da riqueza pode querer sempre mais como o Tio Patinhas.
Outra característica dos valores é a sua polaridade. Os valores podem ser positivos ou negativos, podendo-se sempre que um valor é apresentado, ver qual é o seu polo oposto. Porém, nem sempre os valores que são considerados positivos por uma cultura ou uma pessoa, são positivos para outra. Por exemplo, a cultura aristocrática romana nunca consideraria a humildade um valor positivo, ao passo que a cultura cristã não só considera a humildade positiva, mas também como um dos seus valores mais altos. Um valor negativo não deixa de ser um ideal, visto ser também um horizonte abstracto que orienta a acção. A nossa acção não é só orientada por aquilo que procuramos alcançar, mas também por aquilo de que nos procuramos afastar, aquilo que nos repugna, de que temos medo ou que desaprovamos.
Os valores ordenam-se, sempre, seja numa doutrina, seja numa sociedade, seja num grupo social, seja num indivíduo, segundo uma hierarquia. Nem sempre essa hierarquia é clara para quem a segue. Muitas vezes aquela que até é declarada, não é a que verdadeiramente é seguida. Uma pessoa pode julgar que o seu valor máximo é a amizade, mas se o amigo põe em causa a sobrevivência, a integridade física ou até a simples prosperidade económica, por exemplo, da família, ou se tem relações sexuais com o namorado(a) ou o cônjuge, imediatamente tal pessoa se esquece da amizade, trocando-a pelo valor da segurança, do bem-estar ou da fidelidade. Mesmo que uma pessoa ou um grupo não tenha um conhecimento correcto da sua hierarquia, ela está lá e revela-se nas situações de conflitos de valores. É, aliás, por causa desses conflitos que tem que existir uma hierarquia. Nos dilemas mais difíceis que a vida nos coloca, temos que decidir entre agir desta ou daquela maneira, o que, em geral, significa, dar mais importância a um valor do que a outro. Os dilemas de Kohlberg que se destinavam a aferir o estádio de desenvolvimento moral do indivíduo, podem ser utilizados também para um melhor conhecimento de si próprio, nomeadamente no que se refere à sua hierarquia de valores, até para se estar melhor preparado para saber o que fazer quando a vida colocar os verdadeiros dilemas. Porém, essa hierarquia, sobretudo nos indivíduos, não é fixa, podendo mudar ao longo do tempo.
Há que salientar, no entanto, que os valores não se aplicam ao comportamento directamente. Eles estão, não obstante, na base das normas que regulam directamente o comportamento. As normas são as regras que qualquer doutrina, sociedade, grupo ou indivíduo, estipula especificamente em relação ao comportamento que deve ser seguido. Muitas vezes os conflitos acima referidos, expressam-se mais directamente como conflitos de normas.
(A discussão quanto à natureza relativa ou absoluta dos valores já foi antes feita a propósito do etnocentrismo e do relativismo..)
Exemplos de valores: ético-políticos – bem, solidariedade, liberdade, justiça, coragem, fidelidade, pudor, imparcialidade, generosidade, moderação, virtude, seriedade, heroísmo, castidade, nobreza, humildade, etc.; estéticos – beleza, sublimidade, elegância, harmonia, singeleza, criatividade, graciosidade, etc.; religiosos – sagrado, divino, inefável, piedade, santidade, misericórdia, martírio, etc.; cognitivos: certeza, verdade, provável, objectividade, etc.: sensíveis: prazer, saúde, riqueza, bem-estar, agrado, vigor, etc.; existenciais: serenidade, felicidade, realização, sabedoria, etc.; outros de difícil classificação – feminilidade, masculinidade, puerilidade, ingenuidade, pureza, força, perfeição, etc.; assim como todos os contrários destes valores.
1 comentário:
Esqueceste duas modalidades contemporâneas favoritas entre os nossos alunos: os juízos sem valor e os valores sem juízo... ;)
Carlos Coentro
http://www.fotografia9c.blogspot.com/
Enviar um comentário