25.10.07

Proposta de correcção da Actividade 1

1º texto – Conquista e destruição da cultura dos conquistados – Aculturação dos índios pelos norte-americanos: A declaração do senador no texto é já o resultado de uma política norte-americana que se iniciou pela conquista, muitas vezes traindo acordos e tratados, que passou por práticas de expropriação quando recursos valiosos estavam em causa, por deportações muitas vezes para terras miseráveis e inadequadas à economia índia tradicional, por segregação, por bloqueamento económico, por parcelamento com vista à compra das terras aproveitando as situações de miséria, por estimulação do alcoolismo, acabando, em alguns casos, por cometer massacres brutais. Dentro desta mentalidade que considerava a cultura índia selvagem e que só admitia a sobrevivência dos índios se deixassem de ser índios (muito embora, quando lhes convinha, os tratassem como estrangeiros sem direitos de cidadania), acabou, por mais tarde, se generalizar a prática de retirar as crianças das suas comunidades para as “civilizar” em instituições de regime de internato. O objectivo consciente era a desculturação total das culturas índias, sendo a única alternativa o extermínio.
2º texto – Domínio “cultural” (religioso e tecnológico) – Aculturação dos nativos da Nova Guiné e Melanésia pela Civilização Ocidental: Boa parte dos povos do interior da Nova Guiné (papuas) vivia, até há pouco, numa situação semelhante à Idade da Pedra. A intervenção da civilização ocidental na região através do colonialismo, provocou profundas alterações que nem sempre puderam corresponder à compreensão da nossa cultura. Para os papuas, por exemplo, as incríveis máquinas produzidas pela indústria ocidental deverão ter criado uma estupefacção que abriria a possibilidade ao desenvolvimento de outras influências ocidentais. É óbvio que terão associado essas máquinas mágicas à mensagem dos missionários que atacavam os cultos tradicionais, abandonando esses cultos, mas não entendendo claramente os novos e juntando-lhe características da sua própria estrutura perceptiva e do seu próprio imaginário. Assim, nasceu uma cultura nova, fruto da influência religiosa cristã, da influência tecnológica ocidental e da estrutura perceptiva provinda da cultura nativa.
3º texto – Domínio comercial – Aculturação dos portugueses (entre outros) pela cultura anglo-saxónica e, em especial, norte-americana: O domínio comercial da língua inglesa provém já do domínio britânico dos tempos do império colonial, continuado pelo domínio da super-potência norte-americana. Por outro lado, sucessivas indústrias de sucesso no domínio da comunicação (cinema, televisão, música, jogos de computador, informática em geral, etc.) amplificaram cada vez mais esse domínio, ao ponto dessa língua passar a ser usada mesmo nos produtos criados em países cuja língua não é anglo-saxónica. Porém, a influência não fica pelo domínio da língua. Os produtos que usam a língua inglesa são consumidos e imitados na sua própria estrutura e padrões culturais (valores, crenças, costumes, etc.), transferindo para outras culturas os padrões culturais norte-americanos (ou melhor, aqueles que são expressos pelo cinema, música e jogos comerciais). Assim, não se trata apenas do uso de palavras inglesas no meio de um discurso noutra língua; através desse uso, são também padrões de cultura que estão a ser transferidos, condicionando as pessoas a pensarem cada vez mais segundo esses padrões e consumido cada vez mais produtos dessa cultura, em áreas cada vez mais diversificadas, nomeadamente as áreas académicas, tendendo a impor uma cultura mundial única.
4 º texto – Conquista e destruição da cultura dos invasores – Aculturação dos bárbaros pela cultura latina: Apesar das conquistas bárbaras (germânicas) terem destruído boa parte da herança cultural greco-romana, isso não significa que a Europa Ocidental se tenha tornado germânica. De facto, a muito breve trecho os povos germânicos começaram a adoptar o que restava da antiga cultura romana, deixando-se influenciar por ela a todos os níveis, politico, artístico, jurídico, religioso, linguístico, etc. Embora isso não significasse a restauração total da cultura romana, significou uma desculturação gradual dos germânicos que, em certos casos, chegou a ser total. Só nas ilha britânica é que a língua germânica persistiu, mas, mesmo aí, com profundas modificações e influências latinas, para lá da influência romana em muitas outras áreas culturais. Tratou-se, pois, de uma caso em que os invasores reconheceram, implicitamente, o maior desenvolvimento da cultura romana, quanto mais não seja para lidar com populações mais vastas e com reinos mais complexos, tendo sido conquistados culturalmente pelos invadidos.
5º texto – Imigração – Aculturação dos norte-americanos pelos italianos: Toda a imigração influenciou, enormemente, a formação desse cadinho de culturas em que se transformou os Estados Unidos. Entre essa imigração, a “importação” da Máfia foi dos fenómenos mais relevantes na formação da actual “América”. A Máfia acabou por dominar vastos sectores da economia norte-americana, chegando a dominar cidades inteiras e influenciar muito significativamente a política norte-americana. Fê-lo, porém, mantendo a sua estrutura original, os seus valores, os seus costumes e as suas crenças. Assim, quer se goste ou não do facto, muito contribuiu para a afirmação da comunidade ítalo-americana nos USA, fazendo com que os seus padrões de cultura influenciassem inúmeros hábitos, práticas e até obras nos mais variados sectores. Houve, assim, significativa troca cultural em que, durante bastante tempo, foi mais a cultura americana que foi influenciada do que a cultura imigrante (embora esta também acabasse por ceder frente à cultura dominante).

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