11.9.09

Falácias para-políticas - as "análises" das sondagens

Apenas como ilustração de que o domínio das falácias políticas, excede muito o das declarações dos políticos oficiais, até porque outros actores têm também agendas políticas a cumprir, ouvi hoje, dia 11 de Setembro, pelas 11 horas da manhã, um dos responsáveis pela sondagem da Universidade Católica (penso que seria Pedro Magalhães, mas não tenho a certeza - não tomei nota e era uma comunicação telefónica) a explicar, na RTPN, que a descida do PS, na sondagem hoje apresentada, em relação ao estudo de Abril (de 41% para 37%), seria uma consequência do resultado das Europeias. Ou seja, as sondagens que antes eram tomadas como indicadores para o provável resultado das eleições, parecem, nestas declarações, substituir as eleições. Em vez de admitir o simples erro da sondagem de Abril, toma essa sondagem como a base de comparação, considerando esses resultados como reais, passando os resultados das Europeias a figurar apenas como um epifenómeno susceptível de influenciar os resultados desta sondagem. Aliás, o responsável em questão excluía, por completo, a possibilidade de o PS ter um resultado semelhante às Europeias, não admitindo, pois, qualquer possibilidade de um erro crasso na sondagem, até porque não o admitia para a de Abril. Para ele, os 41% de Abril eram reais, os 26,5% das Europeias um epifenómeno de menor importância e os 37% da sondagem actual um indicador prejudicado por alguma confusão criada pelas Europeias. Consultando, aliás, o Jornal de Notícias, cheguei, aliás, à conclusão que os responsáveis da sondagem nem sequer acreditam muito na importância do epifenómeno, atribuindo, também, a mencionada descida (em relação à sondagem de Abril, como se as eleições nunca fossem termo de comparação) ao facto de a sondagem ter sido realizada durante o episódio da censura a Manuela Moura Guedes.
Não pude deixar de me lembrar que certos órgãos de comunicação social, na própria noite das eleições europeias, imediatamente a seguir a se ter provado o erro das suas sondagens, mesmo as do dia das eleições, apesar dos resultados apurados contrários, apresentaram como um facto que, segundo sondagens por eles encomendadas, se as legislativas fossem naquele dia, Sócrates teria ganho essas eleições. Ou seja, procuraram, imediatamente, desmentir o resultado das eleições que tinham acabado de ter lugar, pelo menos no que se referia às eleições “a sério”, ou seja, as legislativas.

Sem comentários: