O espírito democrático dos nossos partidos
Julguei que um pouco de discussão verdadeiramente política, negada pelos grandes partidos, pudesse ser recebida pelos partidos que, pela sua dimensão, quisessem tornar conhecida a sua mensagem. Mais uma desilusão... Ainda consegui uma resposta a um comentário, mas, em seguida, já não admitiram mais discussão. A minha resposta foi barrada. Se vier a deixar de o ser, retirarei este artigo. Em seguida, apresento o meu comentário inicial e a resposta, ambos editados em http://melhorepossivel.blogspot.com/2009/06/mep-destaca-se-nas-sondagens.html , assim como a minha resposta barrada.
quimnar - Qual o interesse de mais um partido para ocupar o centrão? E juntar às generalidades vagas, mais generalidades ainda mais vagas? Será que é porque no centro se sentem mais aconchegados, mais tranquilos, mais urbanos e burgueses? Ou será apenas a procura de vingar através de uma brecha de descontentamento, de fornecer uma "alternativa" tranquila, não problemática e bem comportada, ao descontentamento existente relativamente aos partidos do centrão? Que se pode esperar de um movimento que tem como única ideologia a banalidade reservada pela caixa de Pandora a todos os humanos? Será que, para vendedores de ilusões, não nos chega já Sócrates, seus associados e seus clientes? Qual a vantagem de um movimento que fornece como "segredo" ilusões vagas sem qualquer compromisso concreto, como se pedisse um cheque em branco para a sua eleição ou um puro acto de fé na personalidade dos seus candidatos?
Carlos Albuquerque - Quimnar, não percebo porque usa expressões como "generalidades vagas", "única ideologia a banalidade reservada pela caixa de Pandora a todos os humanos", "vendedores de ilusões", "ilusões vagas sem qualquer compromisso concreto". O MEP tem um programa e um programa para as eleições europeias que me parecem bem concretos e desenvolvidos.
Quimnar - Eu li o programa. Nada lá vi que não pudesse estar (e não esteja) num programa do PS e/ou do PSD. Parece um manual de ideologia do "politicamente correcto" que tenta não se comprometer com ideologia nenhuma. Lembra vagamente (descontando as mudanças conceptuais que o tempo foi introduzindo no léxico do "politicamente correcto") o PRD sem a figura napoleónica de Eanes. Mas o meu comentário incidia sobre a mensagem fundamental que é transmitida aos eleitores: uma mensagem que se refere a atitudes e não a medidas e que troca propostas por juízos de valor tão vagos quanto é possível ser vago e tão vazios quanto é possível ser vazio. "Ser melhor" não quer dizer concretamente nada. É, aliás, uma declaração sem sentido. Tal declaração está incompleta enquanto não lhe for dada referência. Não se pode ser melhor "em tudo, sempre e independentemente das circunstâncias". Não se pode ser melhor, simultaneamente, na guerra e na paz, na cooperação e na competitividade, na livre iniciativa e na planificação estatal, no progresso para uma sociedade mais igualitária ou para um sociedade mais (economicamente) liberal, na valorização do mérito e na nivelação das exigências para uma maior inclusividade, etc. É necessário optar, é necessário tomar posição - e até admito que o façam, embora sem qualquer originalidade, mas, em seguida, ocultam-no nas mensagens centrais, de forma a não se mostrarem comprometidos com qualquer posição, com qualquer ideologia. Ao fazerem-no, esperam a adesão dos eleitores como os consumidores aderem aos produtos publicitados, por a mensagem ser apelativa, numa adesão emocional, e não por qualquer conteúdo político específico ou argumento racionalmente válido.
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