20.6.09

7.6.09

PS - Os lideres da encenação

Para já não falar da manipulação das sondagens, quem é que encheu salas e ruas e praças com comícios e arruadas? E alguém duvidará que há um efeito de "Maria vai com as outras" nas eleições? Se assim é, qual não seria o resultado do PS se não fosse toda a encenação que esse partido tem sabido fazer como ninguém?

5.6.09

MEP - O centro da nossa democracia

Como estou impedido de responder no seu blog, respondo aqui. Para lá da espantosa democraticidade revelada por este partido que, por falta de argumentos, barra os comentários (que, como podem ver na entrada anterior, nada tinham que não fosse do foro próprio da discussão política), já aprendeu a responder absurdamente às contraposições, com as falácias habituais, nomeadamente negando os argumentos com aquilo mesmo que era o teor do que era atacado por esses argumentos. Veja-se esta pérola:
António Muñoz - lAURINDA ALVES voto em si em plena confiança porque conheço a sua obra em prol da educação e da cultura,que só um cego pode cunfundir com o "centrão"...Não ligue a baboseiras e FORÇA COM O MEP !
Ao que parece só a quem critica o movimento é que é requerido ler o programa. Um apoiante não o tem que ler e até o pode negar. A única posição ideológica do MEP é a de pertencer ao centro. Nem se sabe ao certo de que é que é centro esse centro. Estaline era centrista e, se formos a ver bem, Salazar também (vão estudar um pouco que só vos faz bem - obviamente que nem Estaline, nem Salazar, eram centristas para os sistemas liberais). Aliás, qualquer poder dominante tende a constituir-se como centro, deixando, para as margens esquerda e direita, os excluídos que tentam alterar o centro do poder. Mas presumo que isto seja complicado demais para a posição singela deste apoiante.
Porém, há aspectos bem mais extraordinários em tão curta contribuição. Segundo António Muñoz, quem pertence ao "centrão" não pode ter qualquer obra válida em prol da educação e da cultura. Eis algo duplamente espantoso. Primeiro, porque considera toda a gente desse vasto "centrão" como boçal, coisa que eu que não morro de amores pelo "centrão", nunca me lembraria de considerar. Segundo, porque, estranhamente, a linguagem do programa do MEP em relação à educação (e, porventura, à cultura) é tal e qual decalcada da linguagem do tal "centrão" - aliás, não é de estranhar que um dos maiores representantes da política educativa centrista, Roberto Carneiro, seja um dos apoiantes do movimento.
Outro aspecto interessante é o facto de se considerar que Laurinda Alves fez um grande trabalho no domínio da educação. Talvez seja o sinal dos tempos, considerar que uma jornalista é uma incontornável referência da educação, ao passo que um professor é desprezível nesse domínio. É compreensível. Afinal, os jornalistas têm sido a principal força educativa (ou deseducativa, conforme a perspectiva) dos portugueses nestas últimas décadas. Além disso, todos sabem que único trabalho que existe e tem valor é o que aparece na televisão. Daí que baste ter falado sobre educação na televisão para se ser um especialista de educação. De facto, pensando bem, até o Miguel Sousa Tavares é um desses especialistas - para lá do facto de provir de boa família no domínio cultural, o que ainda mais reforça a sua autoridade.
Mas a verdadeira epifania do comentário que estou a comentar é a que ocorre em todos os comentários dos apoiantes de líderes políticos e congéneres. A pura confiança na candidata! Isto para rejeitar uma questão crítica quanto à possibilidade de o movimento estar a pedir um cheque em branco para a sua eleição ou um puro acto de fé na personalidade dos seus candidatos! Fez-me lembrar os actos de violência cometidos por radicais islâmicos pelo facto de o papa ter insinuado que o Islão era violento. Infelizmente, já não me surpreende esta constante absurdidade e estultícia que se revela sempre que está em causa a defesa de um colectivo.
Costumo dizer que gosto muito de pessoas, mas detesto gente. Estas pessoas serão, com certeza, normalmente, inteligentes e abertas à discussão. Mas, agora, estão na fase de ser "gente", de defender o colectivo a que pertencem... Bem tentam dizer que são um movimento e não um partido... Mas o que há de mais negativo num partido é ser composto de gente e não de pessoas, de transformar as mais inteligentes pessoas em tristes transmissores de falácias, absurdidades e contra-sensos. É por isso que é sempre mais interessante ouvir um político que já saiu do activo - é que ele já pode, de novo, ser pessoa. Ao agir desta forma, até podem ser diferentes de um partido, mas naquilo que constitui a característica mais negativa dos partidos, são exactamente iguais.

O espírito democrático dos nossos partidos

Julguei que um pouco de discussão verdadeiramente política, negada pelos grandes partidos, pudesse ser recebida pelos partidos que, pela sua dimensão, quisessem tornar conhecida a sua mensagem. Mais uma desilusão... Ainda consegui uma resposta a um comentário, mas, em seguida, já não admitiram mais discussão. A minha resposta foi barrada. Se vier a deixar de o ser, retirarei este artigo. Em seguida, apresento o meu comentário inicial e a resposta, ambos editados em http://melhorepossivel.blogspot.com/2009/06/mep-destaca-se-nas-sondagens.html , assim como a minha resposta barrada.
quimnar - Qual o interesse de mais um partido para ocupar o centrão? E juntar às generalidades vagas, mais generalidades ainda mais vagas? Será que é porque no centro se sentem mais aconchegados, mais tranquilos, mais urbanos e burgueses? Ou será apenas a procura de vingar através de uma brecha de descontentamento, de fornecer uma "alternativa" tranquila, não problemática e bem comportada, ao descontentamento existente relativamente aos partidos do centrão? Que se pode esperar de um movimento que tem como única ideologia a banalidade reservada pela caixa de Pandora a todos os humanos? Será que, para vendedores de ilusões, não nos chega já Sócrates, seus associados e seus clientes? Qual a vantagem de um movimento que fornece como "segredo" ilusões vagas sem qualquer compromisso concreto, como se pedisse um cheque em branco para a sua eleição ou um puro acto de fé na personalidade dos seus candidatos?
Carlos Albuquerque - Quimnar, não percebo porque usa expressões como "generalidades vagas", "única ideologia a banalidade reservada pela caixa de Pandora a todos os humanos", "vendedores de ilusões", "ilusões vagas sem qualquer compromisso concreto". O MEP tem um programa e um programa para as eleições europeias que me parecem bem concretos e desenvolvidos.
Quimnar - Eu li o programa. Nada lá vi que não pudesse estar (e não esteja) num programa do PS e/ou do PSD. Parece um manual de ideologia do "politicamente correcto" que tenta não se comprometer com ideologia nenhuma. Lembra vagamente (descontando as mudanças conceptuais que o tempo foi introduzindo no léxico do "politicamente correcto") o PRD sem a figura napoleónica de Eanes. Mas o meu comentário incidia sobre a mensagem fundamental que é transmitida aos eleitores: uma mensagem que se refere a atitudes e não a medidas e que troca propostas por juízos de valor tão vagos quanto é possível ser vago e tão vazios quanto é possível ser vazio. "Ser melhor" não quer dizer concretamente nada. É, aliás, uma declaração sem sentido. Tal declaração está incompleta enquanto não lhe for dada referência. Não se pode ser melhor "em tudo, sempre e independentemente das circunstâncias". Não se pode ser melhor, simultaneamente, na guerra e na paz, na cooperação e na competitividade, na livre iniciativa e na planificação estatal, no progresso para uma sociedade mais igualitária ou para um sociedade mais (economicamente) liberal, na valorização do mérito e na nivelação das exigências para uma maior inclusividade, etc. É necessário optar, é necessário tomar posição - e até admito que o façam, embora sem qualquer originalidade, mas, em seguida, ocultam-no nas mensagens centrais, de forma a não se mostrarem comprometidos com qualquer posição, com qualquer ideologia. Ao fazerem-no, esperam a adesão dos eleitores como os consumidores aderem aos produtos publicitados, por a mensagem ser apelativa, numa adesão emocional, e não por qualquer conteúdo político específico ou argumento racionalmente válido.

4.6.09





FORMAÇÃO DE FILOSOFIA COMO PROJECTO NO BARREIRO e em Setúbal (nos respectivos Centros de Formação), a partir de Setembro 2009.
Oficina de Formação, para o desenvolvimento de Projectos de aplicação na Sala de Aula, em Moodle (Plataforma Educativa aplicável o Grupo 410/10ºB).

Luís Mourinha