25.1.09

Apontamento de gnosiologia - Filosofia - 11º ano

Resolvi reciclar o velho apontamento, apesar de talvez desenvolver em demasia as teorias estudadas, sendo já estas tratadas no manual. Porém, fá-lo sempre do ponto de vista do contexto histórico-filosófico e, por vezes, do contexto histórico-científico, pelo que deve ser entendido como um complemento ao (e não como substituto do) manual.
Reparei, além disso, que não coloquei, no grupo, a lista das falácias. Apesar de ela ter sido fornecida nas turmas (como todos os apontamentos), dá sempre jeito estar na net. Por isso também aqui vai essa lista.
http://groups.google.com/group/riskici/browse_thread/thread/449e6dce8d70e2e1

20.1.09

A fraude do orçamento de 2009

A acusação foi feita pelo economista Miguel Frasquilho, deputado do PSD, no programa Expresso da meia-noite da SIC Notícias, salvo erro no passado mês de Novembro (ainda não encontrei o papel onde tinha o dia registado), pouco depois da apresentação do Orçamento de Estado para 2009 pelo Ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos. Avisado da gravidade da acusação, replicou que explicaria porquê, sendo, imediatamente, contraditado pela drª. Manuela Arcanjo, antiga Secretária de Estado e Ministra de um governo do Partido Socialista, repetindo várias vezes “não consegue”. Afinal conseguiu e com facilidade – a argumentação foi, resumidamente, a seguinte: aproveitando uma alteração de metodologia, já referida por Teixeira dos Santos, no orçamento, diversos números que até este orçamento eram contabilizados na despesa corrente primária, foram dela retirados. Tudo seria normal e nada falacioso, se isto não fosse aproveitado para alegar a contenção do deficit à custa da despesa que alegadamente teria diminuído. Ora, ela só diminuiu devido à mudança dos critérios da sua contabilização. Assim, num ano em que os salários da Função Pública subirão 2,9%, ou seja, com uma suposta subida real de 0,4%, considera-se que a despesa com o pessoal desce. A despesa corrente primária que era de 39,3% do PIB em 2004 subiria, segundo os antigos critérios, para 40,9%. Mas, com os novos, “desce” para 39,1%. Que a intenção era, claramente, fraudulenta mostrou-o Miguel Frasquilho através de um gráfico do orçamento, onde se comparam os antigos números com os novos, sem fazer qualquer distinção e apresentando a percentagem do actual orçamento como uma descida. Ou seja, apesar de se reconhecer uma alteração metodológica, o que implicaria que os números fossem incomparáveis, eles são depois comparados como se se tratasse da medição de realidades idênticas.
Ora, a esta acusação Manuela Arcanjo responde em seguida: “Li o mesmo documento que o Miguel Frasquilho e não considerei que me tomassem por parva.” Ao que Frasquilho questiona: “Então acha bem isto que aqui está?”, sendo este “aqui” o gráfico já referido e que, por cima da mesa, ele lhe mostrava. Resposta de Arcanjo: “Ouça, eu não vou comentar gráficos. O convite não abrangia comentar gráficos.”
Mais adiante, insistindo Frasquilho em que as alterações das classificações não estavam explicadas, nem comparadas, perante uma certa compreensão para com as alterações da parte de Ricardo Costa (com um argumento do tipo “em todo o lado isso acontece” que já identifiquei em artigo anterior), Frasquilho retorque: “Mas, então, explica-se e pode-se tomar as contas numa base comparável.” Ao que Ricardo Costa objecta: “Mas isso não é necessariamente uma fraude.” Ora, em vez de discutir o estranho conceito de fraude de Ricardo Costa, onde, sem explicar as diversas condições, apresentar uma subida como uma descida não é visto como fraude, Frasquilho responde com a sua entrada da noite (para o nosso propósito): “Aliás, o dr. Medina Carreira fez exactamente essa análise há pouco na televisão também.” Comentário de Manuela Arcanjo: “O dr. Medina Carreira é um purista.”
Já fora do contexto das sucessivas falácias que tereis que descobrir, a questão foi encerrada com Miguel Frasquilho a explicar o que foi retirado das contas, exigindo que o mesmo fosse retirado das contas dos anos anteriores para permitir a comparação (honesta, acrescento eu).

18.1.09

ESCOLA ABERTA CACAV

A “ESCOLA ABERTA” como o próprio nome deixa desde logo antever, está aberta à participação e às ideias de todos quantos se queiram juntar nesta aventura.
Não será uma escola igual às outras, onde uns aprendem o que os “mestres” têm para lhes ensinar, seguindo um caminho previamente traçado e que vai dar onde “outros” pensam que será melhor para nós.
Não será uma escola com paredes opacas que a isolam do mundo e impedem a entrada à luz dos sorrisos, do espanto e ao murmurar das águas da inquietação.
Será uma escola de perguntas, de abraços fraternos e de utopias – e das outras coisas todas, que fazem o caldeirão onde fervilha a poesia e o sentido da vida.
A “Escola Aberta” será o que nós sonharmos e funcionará como nós quisermos!
Nesta Escola poderão acontecer Ciclos de Estudos (de curta duração), Cursos Livres (de duração mais prolongada), Seminários e Workshops ou uma Escola de Adultos.

Princípios Estruturais

1.Liberdade
2.Participação Activa
3.Desenvolvimento pessoal e Social
4.Universalidade
5.Identidade

Vem. Podes trazer um amigo também!
Traz uma pergunta ou um sonho contigo,
Um navio ou um porto de abrigo,
Com sextante ou à deriva. Mas vem.

11.1.09

A entrevista do Primeiro

Na recente entrevista à SIC do primeiro-ministro José Sócrates, no dia 5 de Janeiro, não tive a oportunidade de uma análise aturada mas pude identificar e registar, rapidamente, duas passagens que podem servir para mais uma proposta de trabalho. Devo dizer, porém, que o jornalista Ricardo Costa, para lá das falhas deontológicas no seu trabalho jornalístico que chegaram a levar José Sócrates, com toda a razão, a perguntar se estava a fazer perguntas ou estava a fazer um editorial, recorreu com frequência a falácias grosseiras infelizmente típicas da argumentação jornalística, identificáveis por expressões como “toda a gente sabe” e “sabe isso tão bem como eu”, além de outros recursos autoritários duvidosos. Pena é que não se assuma como político, caso em que teria lugar no nosso trabalho. Porém, se alguém quiser pegar pelos políticos dissimulados de outra coisa, não serei eu que me oporei...
Pelo contrário, o verdadeiro jornalista José Gomes Ferreira (e, como tal, com bem menor sucesso) causou bem maior incómodo ao primeiro-ministro porque punha, de facto, questões e não opinava à toa em tom de zaragata, o que bem temos visto ser, no Parlamento, completamente ineficaz e o terreno preferido de José Sócrates. Não é por acaso que os dois exemplos que aqui trago nasceram de perguntas de José Gomes Ferreira. No primeiro caso, estava em causa se o governo teria preparado o país para a actual situação de crise económica, ilustrando a pergunta com os dados do INE que mostravam que nos anos de 2006, 2007 e 2008, o investimento estrangeiro teria caído sempre relativamente ao ano anterior. Procurando desmentir, de forma vaga, estes dados, José Sócrates referiu um conjunto de investimentos estrangeiros feito por aquilo a que chamou empresas emblemáticas (Repsol, Advance, Pescanova, Ikea). O jornalista chamou, imediatamente, a atenção para o facto que exemplos casuísticos não poderem desmentir dados macro-económicos, mas isso não demoveu o primeiro-ministro. A esse propósito um dos comentadores do painel que se seguiu à entrevista (cujo nome não fixei) dizia a este propósito, com alguma graça e não menor verdade, que José Sócrates respondia sempre com números aos exemplos e com exemplos aos números.
O outro caso é, porém, muito mais grosseiro e, como tal, muito mais facilmente analisável. A propósito do aumento dos custos resultantes da renegociação das concessões para a construção de estradas e de auto-estradas, sugeria José Gomes Ferreira: “Já houve quem sugerisse que se alterasse tudo e o Estado emitisse dívida pública e fizesse as obras directamente, porque isto vai sair mais caro.” Ao que José Sócrates respondeu imediatamente: “Eu não estou de acordo com esse ponto de vista que é o ponto de vista daqueles que acham que não há dinheiro para nada, que o Estado não devia fazer nada. Eu acho que o Estado deve fazer investimento. E qual é o critério para fazer investimentos? É o critério de se o investimento é bom ou é mau.” Infelizmente, Ricardo Costa agarrou-se, imediatamente, a esta última frase, para levantar as objecções de Manuela Ferreira Leite (ou similares às dela) que, tanto quanto é possível perceber pela insistência do primeiro-ministro, ao longo de todo o debate, nestas mesmas ideias, era exactamente o que ele queria. Perdeu-se, assim, a oportunidade de José Gomes Ferreira denunciar a resposta contra-sensual de Sócrates, tal como havia feito no exemplo anterior.